1 de set. de 2011

bibdi bobdi bu

Sempre achei, de acordo com as minhas vivências e meus sentimentos, que amar fosse aquele estado em que a presença da pessoa não é essencial, mas sim, importante, interessante e "boa". amar era pensar que, em um provável futuro com essa pessoa, eu ficaria bem, estaria bem. amar era aquele estado em que tá tudo bem, mas nada excepcional.

na real, eu sabia que isso não era amar, mas queria acreditar que era e que eu amava algo/alguém.

pois então, eis que me acontece de ter um insight, ao notar que eu amava verdadeiramente minha cachorra. amava não, eu amo ela. eu preciso olhar nos olhos amendoados dela todos os dias; passar a mão no pelo, mesmo que esteja fedendo; preciso rir quando ela se retorce no chão e, principalmente, preciso da alegria dela na volta pra casa.
partindo desse sentimento "estranho", por mais que tantas vezes eu tenha dito "eu te amo" - e não que eu estivesse mentindo, afinal, dentro da minha concepção de amor, eu realmente estava amando; já hoje não acho que eu tenha amado - vejo que só agora eu AMO verdadeiramente. A athena, sim, mas também outro algo, ou alguém.

Acho apenas engraçado como tudo aconteceu: após confundir sentimentos, apenas me desliguei do mundo em que vivi até o ano anterior. "preciso mudar as lembranças que tenho" era o pensamento que habitava meu cérebro, junto de "tenho que aproveitar minha vida". quem diria que esse momento ia abrir meus olhos e me fazer enxergar o mundo como o vejo? quem diria que esse momento ia me fazer ver alguém tão... único e diferente daquilo que eu já conhecia?

no sábado, por mais que um abraço diferente tivesse acontecido, "nada deverá passar da atração inicial que acontece com todos os seres humanos, diante de traços físicos que despertam atenção. afinal, o fenótipo é aquele que eu gosto". quarta feira a noite, um beijo que não correspondeu às expectativas. sexta feira, "preciso ser indiferente e não demonstrar afetividade", mas como eu já tinha feito todo o planejado se perder ao ficar mandando mensagens e puxando conversa no msn, "quer saber, eu sou afetuosa e esse é o meu natural. foda-se".

e aí a afetividade aconteceu.
e aí, efetivou-se aquilo que eu mais temia, em toda a vida: eu fui afetiva de uma maneira diferente, porém natural e não superficial; eu fui afetivamente correspondida, e gostei de verdade, não apenas pelo meu orgulho ferido que precisava de alguém do lado; eu comecei a querer a pessoa do meu lado todos os momentos física e mentalmente, a ficar ansiosa pelo dia em que a veria, a sentir o frio na barriga que, desde que eu era pré adolescente, eu não sentia. eu precisei verdadeiramente de alguém do meu lado.

e a pergunta que me fizeram, duas semanas depois daquele sábado do abraço-diferente-do-qual-nada-discorrerá, era se eu estava feliz. como, em DUAS SEMANAS, minha vida pode ter mudado tanto? da indiferença pra necessidade, do beijo-que-não-correspondeu-às-expectativas ao beijo que, mesmo não sendo o melhor já provado, era o que eu queria em todos os momentos. ora, era claro e cristalino que eu estava feliz, e meu sorriso idiota denunciava isso de uma maneira tão óbvia que ficava até bobo perguntar.

eu me apaixonei.

"quer namorar comigo?"
"quero, quero muito" e isso era de todo modo verdade. eu queria ser a pessoa que reconhecidamente estava do teu lado, e queria que tu fosse a pessoa a estar do meu.

não muito tempo depois, notei que eu não mais queria estar contigo, mas sim, que eu precisava, necessitava estar contigo - não só fisicamente, mas principalmente, metafisicamente. eu carecia da tua vida, dos teus pensamentos. eu precisava de ti, para me sentir - como nunca antes - completa, plena, totalizada.

notei que algo havia mudado: passei a amar - algo que não fosse minha cadela.

na real, eu não precisava de ti. eu preciso de ti. eu te amo. eu, inclusive, amo precisar de ti.

amo e preciso me perder nos olhos pequenos de cores indefiníveis, preciso entrelaçar meus dedos entre os finos fios de cabelo cor de palha, preciso do abraço e do beijo quase desesperado (que eu dou); preciso daquele rosto lindo, que por mais que eu tente ficar chateada ou brava, me faz invariavelmente sorrir; preciso das cosquinhas e risadas, brincadeiras e sorrisos e, mesmo que dificilmente eu esteja prestando atenção, preciso te ouvir falar sobre música, te ouvir compor, ouvir tuas composições já feitas e te ouvir simplesmente dedilhar, independente do instrumento musical que for; preciso até sentir aquele ciuminho bobo, sentir a saudade arrebatadora - que aparece no segundo em que sai do meu lado, preciso ter uma certa desconfiança.
amo e preciso da tua amizade, do teu apoio, da tua palavra reconfortante
amo e preciso do sabor da pele, do som da voz com timbre estranho, do perfume, da textura dos lábios e de todas as sensações que me provoca e que te tornam insuportavelmente necessário.

essa necessidade insana de alguém é exatamente isso: insanidade. sou uma doente. uma doente de amores, todos os amores existentes, por uma mesma pessoa.



ao fim e ao cabo, sou alguém que ama.

.

[perdoem-me pelas palavras repetidas inúmeras vezes, mas mesmo que eu mude as palavras, não vai ser suficiente pra explicar as coisas como são. opto, então, pelas mais simples e de fácil entendimento.]
[e sim, esse é o post mais confessional de todos que existem nesse maldito blog confessional.]

Um comentário:

Ronan disse...

Então, finalmente tu te encontrou. Fico muito feliz por isso. Agora aproveita e VIVE essa felicidade, que possa durar por anos.